Ter um olhar voltado à transição energética é essencial para que um país caminhe na direção da ampliação de fontes limpas e renováveis de energia elétrica.
Uma movimentação nesse sentido proporciona melhoras para a economia e para a vida das pessoas, sendo primordial para a sustentabilidade.
Ações sustentáveis no foco dos novos negócios
O mercado mundial já não é mais o mesmo. Impulsionada, entre outros fatores, pelo conceito ESG, a construção de novos negócios não é mais pautada apenas em lucro.
Já há algum tempo, critérios de aspectos ambientais, sociais e de governança têm sido amplamente valorizados por mercado e clientes, fazendo com que empresas e investidores os considerem cada vez mais importantes.
Para dimensionar a crescente do conceito no mercado, segundo a ferramenta Google Trends — método de pesquisa rápido e eficaz que permite dimensionar os assuntos mais buscados no site —, em janeiro de 2021, a busca pelo termo ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) dobrou em relação a março de 2020.
A tendência é que as buscas e as práticas cresçam ainda mais.
É uma mudança de comportamento tão importante e significativa que, segundo especialistas, empresas que não se movimentarem nas questões ESG ficarão para trás.
Se anteriormente tínhamos os aspectos ambientais e climáticos como o grande foco da atenção, hoje, com a pandemia do novo coronavírus, o pilar social ganha ainda mais destaque como catalisador da transformação de novos negócios.
No mercado de energia, não é diferente.
Uma mudança estrutural começa a surgir, propondo transformações na maneira de produzir e consumir energia elétrica.
A esse movimento, dá-se o nome de transição energética.
Transição energética na busca por sustentabilidade
O mercado de energia é capaz de contribuir de inúmeras formas na busca por um mundo mais sustentável.
Aqui, inclusive, é interessante analisar o contexto de sustentabilidade além do viés ambiental.
Um cotidiano sustentável se faz, acima de tudo, através de uma sociedade atenta às transformações que a sua relação com o mercado gera.
Clientes mais exigentes criam empresas mais atentas e assim sucessivamente.
O ciclo é infinito e altamente positivo.
Em um contexto geral, então, pode-se afirmar que sustentabilidade também é uma ferramenta capaz de gerar lucro; afinal, a concepção da palavra sustentável é a de “algo que pode ser sustentado”.
Ou seja, ações voltadas a um “pensamento verde” e negócios economicamente sustentáveis não são inimigos.
Muito pelo contrário.
Eles caminham de mãos dadas e são vitais um ao outro; pois, como prega o conceito ESG, é preciso pensar no todo para beneficiar a todos.
Essa premissa, sem dúvidas, é o ponto-chave do movimento de transição energética.
Entre seus objetivos estão a redução de custos, a diminuição da pegada de carbono e a melhoria da infraestrutura de energia para toda a população mundial.
Uma soma perfeita entre alternativas climáticas e sociais.
Uma transição energética ideal conta com um sistema de produção de eletricidade mais descentralizada, eficiência energética e menos desperdício, maior segurança de abastecimento e novas tecnologias.
Além disso, o movimento também propõe a substituição das fontes não-renováveis de energia para a utilização de fontes renováveis, como a solar, a hídrica e a eólica.
Por que é tão importante?
Segundo a International Energy Agency (IEA), transformar o setor de energia por si só levaria o mundo a um terço do caminho para emissões líquidas de CO2 a nível zero.
Isso porque, ainda de acordo com a agência, a grande maioria das emissões globais do óxido vem do setor de energia.
O relatório da entidade afirma também que dentro do setor de energia, as indústrias lideram a porcentagem de emissões nocivas ao meio ambiente, totalizando cerca 60% e com potencial de aumento para 100% até 2050, caso ações de transição energética não sejam tomadas.
Uma gestão energética industrial também é capaz de contribuir imensamente na diminuição desses números.
O caminho para reverter o cenário?
Segundo a IEA, não há dúvidas: apostar em inovações e fontes capazes de gerar energia limpa e acessível a todos.
O cenário é promissor.
O avanço de geradores solares, geradores eólicos e baterias de grande porte está tornando os combustíveis fósseis comparativamente caros.
“Por volta de 2030, essas três tecnologias vão oferecer menor custo de geração do que usinas a gás ou carvão em quase qualquer lugar no mundo”, diz Matthias Kimmel, analista-chefe do relatório 2019 da BloombergNEF (BNEF).
Contudo, alcançar as metas de transição de energia em diversos países requer um aumento substancial das tecnologias de energia limpa.
Algo que nem todas as noções possuem.
Nesse aspecto, o Brasil pode ser um fator diferencial.
Transição energética no Brasil
Já abordamos por aqui o crescimento da energia renovável no Brasil.
Nosso país tem uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, atrás apenas da China e dos EUA.
Em 2017, cerca de 80% de toda a energia gerada no país foi por meio das fontes renováveis, a maior parte de fonte hídrica.
O desafio continua sendo reduzir a participação dos combustíveis fósseis, em particular o diesel, essencial para o setor de transporte de cargas e de passageiros.
Nos últimos dez anos, a participação dos derivados de petróleo teve queda de 3,5%, evidenciando um maior incentivo do Brasil ao aumento das fontes renováveis na matriz.
Agora, com o crescimento do gás natural oriundo do pré-sal, poderemos substituir o diesel em caminhões e navios por gás natural liquefeito, como vem ocorrendo na China e nos EUA.
Para se ter uma ideia de como temos um grande potencial em energia limpa, a matriz energética mundial tem apenas 13,7% de participação das energias renováveis.
Isso nos dá o vislumbre de um futuro altamente promissor a respeito de transição energética, liderada, entre outras fontes, pelo aumento do uso de energia solar.